No cu, não!
Uma coisa que sempre me maravilhou são as imensas diferenças das pessoas em relação ao sexo. Desejos, taras, fetiches…O que excita alguém, pode ser repulsivo para outro. E vice-versa. Mais misteriosas ainda são aquelas fantasias ocultas, guardadas no recanto mais escuro de uma alma, impossíveis de serem compartilhadas.
Exemplo. A madame grã-fina olha para o esfarrapado mendigo de pés descalços e unhas amareladas e tortas pedindo esmola ao lado do luxoso carro importado. E se imagina de quatro a seus pés, com a boca atolada por sua grossa e mal-cheirosa pica negra. Ela sente sua calcinha se empapar de excitação, sentindo em pensamento ele foder sua garganta, soltar um grito animalesco, a porra farta jorrando em borbotões pelos lados da boca. Justo ela, que se recusa a praticar sexo oral no marido, “é indecente, nojento”. este mesmo, marido, sonha a seu lado com suas próprias perversidades…de quatro, sodomizado pelo descamisado, finalmente possui algo em comum com sua indiferente mulher.
Acho que vocês entendem a ideia. Provavelmente até se lembraram daquela sensação inebriante de prazer ao lidar com o proibido, de desafiar o tabu. Mas ao lado do desejo reside o medo. Ninguém sabe ao certo o que pode absolutamente paralisar alguém quando o assunto é sexo e isto me faz lembrar algo que aconteceu comigo, há tempos.
Eu era universitário e morava fora de meu interior. Milhares de jovens adultos, com os hormônios em ebulição, compunham ambiente ideal para que nossa república fosse um eterno movimento de vai e vem. Mas em algum momento, fraquejei e comecei a namora Rita. Ela não era especialmente bonita, uma daquelas mulheres que normalmente mal reparamos, se entramos em uma sala cheia de gente e ela está lá. Mas a Rita…a Rita era a passividade em pessoa, era incapaz de dizer não. E isto foi o que me atraiu nela, pois sexualmente esta característica me excitava.
Logo na primeira noite que ficamos, tive um boa surpresa. Naquela época (e isso não faz nem quinze anos atrás, para ver como os tempos mudam!), as meninas ainda eram ou fingiam ser recatadas e tínhamos que brigar pelo acesso a um “peitinho”. Mas em um corredor escuro de um prédio afastado da festa, não tive problema em puxar sua blusinha de algodão branco e acariciar um mamilo inchado. A cada passo, uma nova surpresa, o inimigo não reagia a minhas investidas. Ousando a cada vez mais, com expectativa de receber o esperado “não” conforme se esperava dela, em pouco tempo tinha os dedos ensopados, deslizando para dentro e para fora de sua bocetinha, tão macia, a boca fazendo vácuo ao redor daquele seio de bicões gordos.
Foi por isso que fiquei com ela. Não havia situação ou momento em que ela dissesse não. Antes de uma das temidas provas, para relaxar, eu a encontrava de bruços sobre a cama, levantava sua saia, abaixava sua calcinha e me perdia em suas úmidas profundezas. Ela gozava baixinho, o corpo tremendo, sempre discreta.
Outras vezes, quando me cansava de comê-la e queria gozar de uma forma diferente, eu subia um pouco mais e na mesma posição, com os mesmos movimentos, fodia sua boca. Rita ficava parada, a mandíbula aberta, olhos lacrimejantes, meu pau deslizando em sua língua e fazendo aqueles ruídos molhados, até explodir em uma melada chuva de prazer sobre seu rosto e seu olhar vazio.
Eventualmente, me cansei. Percebi que ela não passava de uma boneca, um sofisticado brinquedo sexual que eu usava como bem entendesse. Ela simplesmente aceitava o sexo, como se fosse uma obrigação me satisfazer. Nunca vi nela um desejo próprio. Somando a isto a farra de carne em que via meus colegas imersos, eu clamava por liberdade.
A gota d’água simplesmente aconteceu, sem motivo algum. Era um sábado a tarde, meu quarto já estava impregnado do cheiro de sexo. Depois de meu segundo gozo, a sensação de vazio me inundou e não consegui mais me segurar. O que aconteceu em seguida não posso explicar. Intuição ou inspiração divina, aconteceu de forma tão natural que até hoje rio ao lembrar.
Apesar de sua passividade, eu nunca havia comido o cu de Rita. Para falar a verdade, meus próprios sentimentos em relação ao sexo anal eram algo contraditórios. Ao mesmo tempo em que me excitava vendo filmes pornô, com suas extravagâncias anais, tinha um certo nojo e receio de eu mesmo praticar. O motivo, em uma análise superficial, foi a estória que um amigo havia contado. Ele sim era louco por sexo anal e como nunca conseguia convencer suas namoradinhas a “liberar a ruelinha”, como ele poeticamente dizia, apelou a uma profissional.
Lá foi ele realizar seu sonho, com a puta de quatro para ele, afastando com as mãos suas gordas nádegas para que ele pudesse se perder dentro de suas íntimas profundezas, navegando em seu fetiche. Mas depois de gozar, ainda trêmulo com o arrebato físico e emocional, sua felicidade se transformou em profundo horror: bem na ponta da camisinha, coroando o reservatório onde a prova líquida de seu prazer estava guardada, reinava um único e majestoso feijão. Preto.
Devido à má digestão daquela mulher que nunca conheci, nunca havia sodomizado Rita. E neste momento, algo em meu inconsciente encontrou uma saída. Deitado a seu lado, sussurrei: “Eu vou comer seu cu”. Foi como se tivesse tocado um botão secreto. Rita levantou de um pulo e gritou:
“No cu, não!”
Ela que nunca havia se negado a nada, que para o bem ou para o mal nunca havia demonstrado do que gostava ou não na cama, agora mostrava tanta fibra. Foi minha oportunidade. “Ritinha, amor, faz tempo que tenho este desejo especial, libera seu cuzinho para mim…”. Ela me olhava com olhos arregalados e balançava negativamente a cabeça. Endureci a voz e disse com autoridade “Eu quero seu cu!”. Ela parecia desesperada. Era o momento da cartada final, para atingir meu objetivo, “Ou você me dá o cu, ou então terminamos!”.
E foi então que o inesperado aconteceu. Voltando a minhas elucubrações, não podemos nem imaginar onde o medo reside. No caso de Ritinha, como seu súbito ímpeto de decisão já havia sinalizado, o sexo anal para ela pertencia ao planeta terror. Mas eu nem imaginava como. Apenas acabei de enunciar meu ultimato, ela se ajoelhou diante de mim, puxou minha cueca até o joelho e, para minha surpresa, colocou meu pinto na boca. Eu havia gozado há pouco, mas a sensação de poder que aquele bizarro diálogo me proporcionou me fez latejar de novo, o suficiente para que ela começasse a mamar, como um bebê agarrado a sua chupeta.
O “demo” deve ter baixado, pois minha crueldade não teve limites: “Ritinha, eu não quero a boca, eu quero seu cuzinho, ele vai ser meu…”. Ela tirou da boca e começou a me punhetar, a bater meu pau contra seu rosto, com força. Lágrimas nos olhos, repetindo baixinho, em voz chorosa ela se limitava a repetir uma única frase balbuciante “No cu, não…no cu, não..no cu, não…”.
Confesso que me aproveitei da situação. Fechei meus olhos e permiti, pela primeira vez desde que a havia conhecido, que fosse ela quem me desse prazer. Ela me lambeu, me chupou, me masturbou por um tempo que pareceu uma eternidade. Vez ou outra, quando ela diminuía o ritmo eu gemia, com voz grave e alta “O cuuuuuuuu, o cuuuu” e ela voltava a se devassar, quase se engasgando com meu pênis. Finalmente gozei, o prazer se esvaindo liquidamente de meu corpo. Quando abri os olhos, ela ainda me encarava assustada e repetia “no cu, não”, face e cabelos pingando com meu esperma.
Dias depois, consegui conversar com ela e mostrar minha vontade de seguir caminhos separados. Ela tampouco fez questão, algo havia quebrado entre nós. Mas ainda hoje me lembro dela com uma certa saudade, de quando a tinha a minha disposição, para meu gozo particular. E cada vez que a recordo, a dúvida e a curiosidade me inquietam e fico imaginando que trauma ou bloqueio psicológico que lhe causaria tanto medo ao sexo anal. Ritinha, meu amor, por quê no cu não?